quarta-feira, 4 de setembro de 2013

As diversas faces dos edifícios paulistanos de alto padrão

Arrojado. Diseño Alto de Pinheiros, na zona oeste, abusa das cores (Imagem: Divulgação)

Um empreendimento de alto padrão enfrenta, seja qual for a região nobre de São Paulo em que estiver, um desafio enorme para atender bem seu público-alvo, tão exigente quanto endinheirado. Por isso, a sofisticação e a elegância são marcas em todos os lançamentos das áreas consolidadas da cidade. A feição do requinte, no entanto, passa longe da uniformidade.
A identidade visual dos edifícios pode variar de acordo com a linha estética adotada pelas empresas, o tipo de empreendimento e a característica de ocupação da região. Os lançamentos com perfil familiar não se confundem na Pompeia ou em Moema. E, mesmo no Brooklin, um prédio de apartamentos compactos é bem diferente de outro vizinho mais espaçoso.
De acordo com o sócio-diretor da Elite Brasil Inteligência Imobiliária, Mauricio Eugênio, as áreas mais valorizadas de São Paulo possuem dois tipos básicos de imóveis: os compactos com até 50 metros quadrados e os apartamentos com metragens acima de 150 m².
“Os compactos têm design, acabamento e uma linguagem muito jovem. É onde a cidade acontece. Os residenciais maiores buscam terrenos tranquilos e exclusividade, têm muita segurança e permitem integração do terraço à sala de estar, quadra coberta e muita segurança.”
As regiões no entorno do corredor corporativo paulistano – que inclui as avenidas Brigadeiro Faria Lima, Presidente Juscelino Kubitschek, Engenheiro Luís Carlos Berrini e Doutor Chucri Zaidan – são muito abertas aos apartamentos menores e, consequentemente, à modernidade. Os lançamentos Habitarte, uma parceria das incorporadoras Stan e Yuny, tem, por exemplo, arquitetura assinada pelo escritório Aflalo & Gasperini, também responsável por edifícios de escritórios na cidade, e conta com uma gigantesca obra de arte na fachada.

Estiloso. Habitarte, na zona sul, terá obra de arte na fachada (Imagem: Divulgação)

“O público do Brooklin é do mercado financeiro, cosmopolita e que está antenado no trabalho”, diz a diretora geral de atendimento da imobiliária Lopes, Mirella Parpinelli. Ela acredita que o bairro, alvo de uma série da lançamentos nos últimos anos, seja uma extensão natural da Vila Olímpia e do Itaim<IP10>, onde os empreendimentos se colocam como símbolos urbanos.
À medida que a distância para as áreas corporativas aumenta, o estilo dos empreendimentos também muda. O bairro do Campo Belo, assim como Moema, seu vizinho ainda mais nobre, tem espaço principalmente para projetos mais sóbrios de unidades amplas, embora ainda com arrojo estético.
O lançamento Araguari 561, da incorporadora Alfa MDL, tem arquitetura contemporânea, com grandes varandas retangulares e gradis de vidro. “A decoração do prédio também é mais clean e mais cosmopolita. Moema é um bairro mais aberto para receber pessoas de fora do bairro”, diz a diretora de marketing da Alfa Realty, Cintia Valente. “É um público diferente do comprador de nossos produtos lançados em Perdizes, que já é morador daquela região.”

Clean. Araguari 561 aposta em sofisticação com sobriedade (Imagem: Divulgação)
Na zona oeste, as diferenças entre as áreas nobres são mais evidente, mesmo a pequenas distâncias. Perdizes, com menos terrenos à disposição, é caracterizado por torres altas e de estética mais ou menos ousada.
O vizinho Pompeia, em função de restrições impostas pela lei de zoneamento, tem edifícios mais baixos, também com perfil familiar, e em contato mais próximo com as ruas arborizadas da região, As restrições de altura se repetem no Alto de Pinheiros, densamente ocupado por casas.
Mais próximos da Vila Madalena, no entanto, os novos empreendimentos começam a ganhar ares descolados, bem mais ao gosto de artistas e intelectuais, Além de fachadas com cores vibrantes – o lançamento Autoria Madalena, da Alfa MDL, é, por exemplo, bordô –, as áreas comuns valorizam elementos de arte, como bibliotecas com curadoria de editoras famosas. Não há esbanjamento de luxo, porém.
A incorporadora Even deve lançar em setembro o residencial Diseño Alto de Pinheiros, na Rua Natingui. O edifício, com studios e apartamentos de dois dormitórios, abusa de cores quentes nas fachadas e no topo do edifício. O espaço da churrasqueira, na área comum, também tem um aspecto de contêiner laranja, cujo portão, basculante, abre verticalmente.
A arquitetura contemporânea é marca da Even, segundo o diretor da empresa, Mauricio Belo, mas pode variar de intensidade de acordo com o perfil da região. A companhia lançou recentemente, na zona oeste, os empreendimentos Acervo Pinheiros, com unidades amplas, e o Linea Perdizes, com compactas.
Além dos rios. Áreas tradicionalmente nobres, como os Jardins, Vila Nova Conceição, parte de Pinheiros e Moema, são elegantes, mas oferecem poucas oportunidades para as empresas lançarem novos produtos imobiliários. Nos últimos anos, áreas adjacentes a esses bairros tornaram-se nobres, caso do Brooklin, na zona sul, e das Vilas Anastácio e Leopoldina, na oeste.

Requintado. Montalcini Residencial chama a atenção por altura e elementos de luxo nas áreas sociais da unidade (Imagem: Divulgação)

Algumas localidades paulistanas também criaram seus espaços de alto padrão, embora não fossem extensão natural da São Paulo mais tradicional. Do outro lado do Rio Pinheiros, por exemplo, o Morumbi se consolidou como um reduto na região sudoeste da capital e, mais recentemente, passou a oferecer ofertas para o público classe A em áreas como Panamby, com preços mais acessíveis. Segundo a Embraesp, o metro quadrado lançado em 2013 no bairro custa R$ 6 mil; no Brooklin, está em R$ 11 mil.
O aspecto dos novos edifícios daquela margem do Pinheiros é, na maior parte, menos moderno do que nas regiões corporativas. Eles possuem, no entanto, terrenos para empreendimentos familiares mais aconchegantes e espaçosos. O estoque de outorga onerosa no Morumbi – que permite a maior verticalização dos empreendimentos mediante a compra do direito na Prefeitura, está esgotado –, o que pode indicar a escassez de novos projetos para essa área no futuro próximo.
Outras regiões nobres fora do eixo tradicional são o bairro do Tatuapé, com metro quadrado valendo, em média, R$ 7 mil, e parte da Mooca, na zona leste. De acordo com o diretor da Porte Construtora, Marco Antonio Melro, o público de alto padrão dessa região é local e faz questão do luxo. “Ele é mais parecido com Moema do que com a Vila Madalena. O luxo na Vila é considerado brega.”
O Montalcini Residencial, com 31 andares e varandas arredondadas, tem, por exemplo, mármore botticcino nas áreas sociais dos apartamentos de ao menos 200 m². “Agora, estamos também levando arquitetos novos para a região.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário